Mar de Ilusão

Amo tuas feridas, teu sorriso,  

amo-te ardentemente e no peito aberto o véu;  

é meu descanso e terra que piso,  

um nobre destino traçado no céu.  


É tempestade, vento brando, é crua,  

que a alma encolhe com carinho;  

em teu colo, minha consciência flutua,  

me enredando num turvo e doce caminho.  


Teu brilho é a chama que aos olhos arde e cega;  

canto-te em silêncio, louca oração.  

Na dor deste amor, é o que me renega,  

frio peito, quente ilusão.  


Sofro a sorte de um só momento,  

que arrasta a confortável dor  

de viver sob teu alento  

e considere a ferida do amor.  


É mar sem fim, banhando em conforto,  

sussurras vozes de amar e padecer;  

anseio por tua tarde e teu nu corpo,  

e em ti eu me deixo viver.  


Pois busco em meio ao mar morto  

um porto em você.  


Tal o fado, o fim da dor é miragem:  

perdido, cego, vago em sua imagem.

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