Emoção e Razão: Uma briga eterna entre a presa e o predador.

É incontestável o auxílio ou mesmo interferência da emoção humana na comunicação. A subjetividade é não apenas um excelente mecanismo de linguagem, como também uma forma de provocação. Embora eficazes, as emoções não atuam somente como fatores externos, os quais recebemos, mas também estão alinhadas ao que somos e à nossa própria capacidade de discernir o que nos é transmitido e o que interpretamos.

Desde os pré-socráticos até a contemporaneidade, de fato, encontra-se um padrão na vivência ocidental humana: a busca pela lógica e racionalidade. No entanto, mesmo que o homem abandone o mito e inicie a busca pela verdade, dissociando-se a emoção de seu eu para uma ideia focada no material, o sentimento sempre estará atrelado a mais pura expressão humana. Nesse raciocínio, torna-se valioso citar a teoria de Freud quanto ao uso das emoções para manipulação do tecido social, expressa em seu livro “A Psicologia das Massas”, em que o fundador da psicanálise apresenta a influência de nossa subjetividade e de nosso eu suprimido em discursos que mantêm a lógica de poucos.

Ademais, mesmo que o homem desvincule-se de discursos supostamente pautados na emoção, esta ainda é utilizada como ferramenta fundamental para o controle de populações a partir de sua influência no que se é interpretado. Nesse prisma, momentos como a Segunda Guerra Mundial ou a Guerra Fria exemplificam com excelência o efeito do antropocentrismo iluminista, porém, configurando narrativas interligadas à emoção e ao ódio, apropriando-se de vulnerabilidades universais. Alinhado a um desejo de mudança e à insatisfação do indivíduo, a emoção foi usada não como interferência, mas, sim, como forma de manipulação que, narrativamente, foi categorizada como racional.

Em suma, há de concluir que as emoções apresentam não só caráter externo, como também são fomentadas por um desejo de mudança as quais não são ensinadas palavras para expressar, entregando-nos à narrativas que se beneficiam dessa vulnerabilidade que se disfarça de razão enquanto lutamos para esconder nosso verdadeiro sentimento.


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